segunda-feira, 16 de novembro de 2009

BESOURO, O FILME


Besouro...
Paguei pra ver.
As imagens do filme Besouro que estavam disponíveis na Internet antes de seu lançamento, prometiam um belo filme de ficção. Mais do que isso. O tema traz para as telas do cinema a historia de um lendário capoeira de Santo Amaro da Purificação. Famoso por bater na polícia e patrões, bem como fugir de perigos com o dom das suas rezas.
Mas o que esperar de um filme de ficção? Para o publico capoeira, com seu senso critico aguçado, muitas vezes espera a perfeição. Entre essa galera, lá estava eu.
Fiquei decepcionado ao ver Mestre Alípio morrer como um vacilão desatento no boteco, ou Besouro lutar Kung Fu e Exu Deus da comunicação, ser apresentado injustamente e mais uma vez com um tom demoníaco, entre outras deficiências de roteiro e direção, pois sou um tradicionalista conservador da minha cultura. Mas, fiquei feliz em ver Mestre Alípio transmitindo palavras de sabedoria e orgulho negro a seus meninos e fiquei emocionado em ver a negrada na telona sem reproduzir o estereótipo do traficante favelado.
Contudo, entre orgulhos e decepções, sabemos que esse filme é uma faca de dois legumes.
Ao mesmo tempo em que, abre as portas e a percepção do mundo do cinema para a Capoeira de maneira positiva, como o Mestre Nestor Capoeira não alcançou em sua época (a pesar de eu ter gostado muito mais do filme dele “Cordão de Ouro” da década de 70). O filme (sendo filme) apresenta muitas inverdades e algumas distorções sobre a nossa querida arte.
Compreendo a estratégia de mercado, ao trazer o chinês pra coreografar as lutas, o cara vendeu o peixe, e os produtores compraram com dinheiro brasileiro. Mas pense comigo camarada: a Capoeira Angola, originária de Santo Amaro (terra do Besouro), tem tantos recursos próprios, que nada se assemelham a esses pulos de doido. Se você valoriza um bom Mestre de Capoeira, pagando o que pagou pro gringo, você teria lutas inéditas nunca vistas no cinema. Isso unido a um bom diretor e um bom câmera, com planos ousados ia ficar o bicho. O que aconteceu? Foi medo das tradições ou da inovação? A maioria das inovações da moda de hoje, se baseia em designes antigos, como a calça boca de sino por exemplo, entre outras.
A questão primordial que estou colocando, é que se você, ou seja, quem for, quer trabalhar com a temática Capoeira, ainda que com a melhor das intenções (que tem de monte no inferno) não é mais que obrigação consultar quem manja, quem conhece. Se não, em vez de fazer um trabalho pra valorizar a Capoeira, você dá um tiro no nosso pé.
Ainda assim, fiquei chateado em chegar naquela quinta feira e encontrar a sala do cinema vazia, pela falta de interesse do publico. Depois soube que era exceção, pois o filme ta bombando. Recomendo pra quem não assistir que assista e tire suas conclusões. Incentivo todas as produções visuais que coloquem a Capoeira em evidência e o negro como protagonista. Nesse sentido, parabenizo a iniciativa. Não posso deixar de parabenizar a atuação dos atores que quebraram tudo. E espero que meu senso crítico seja construtivo e colabore para a qualidade das produções futuras.
Que venham muitos filmes, livros, novelas e quadrinhos. A Capoeira merece essa atenção.

Besouro preto, Besouro de Mangangá.Na roda de Capoeira todo mundo ouviu falar...

2 comentários:

  1. bom... eu assisti ao filme e também esperava mais sobre o assunto, que fosse mais mostrado a arte da capoeira e menos tido como "diabo" os exus que na verdade não são assim

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