terça-feira, 27 de julho de 2010

HISTORICO - parte 1

Este blog foi criado em 2009 com o objetivo de divulgar o livro “Histórias de Tio Alípio e Kauê – O Beabá do Berimbau” de Marcio Folha begin_of_the_skype_highlighting     end_of_the_skype_highlighting, editado em outubro de 2009 pelo projeto editorial: Ciclo Contínuo. A edição deste livro só foi possível por ter sido contemplado pelo programa VAI daquele ano.

A história do livro foi escrita e desenhada pelo autor Marcio Folha e conta ainda com um riquíssimo material de apoio para educadores, escrito pela Mestranda em Pedagogia Elis Regina Feitosa do Vale, com participação do Matemático Vanísio da Silva. Elis colaborou também com sua poesia “Berimbalando Capoeranças”, assim como fez Raquel Almeida com “Ao ouvir” e Marcio Batista com “Pelo Brasil”. São três poesias que falam sobre o berimbau, confiram:

Berimbalando as Capoeranças

Elis R. F. do Vale

tchi tchi TOON TIIIIIM....

Fecharam nossa africanidade

Num gigante baú de riqueza

De madeira falsidade

No cadeado a tranqueza

C’o chumbo de meias-verdades

Míope vesga marvadeza

Porque o levante é liberdade

E não caneta de princesa

Um imaginário com idade

E nossas linhagens realeza?

Meu sobrenome de verdade?

Quero sentir minha ascendência

Ilê Axé é liberdade

E não caneta de princesa

Não a dor na costa que arde

Na servidão com ligeireza

É no corpo a espiritualidade

Minha negritude com beleza

No axé da ancestralidade iê

Maculelê iê capuera

Nossas roda é viva liberdade

E não caneta de princesa

Em falá nisso a gente sabe

Num devo favô a essa carnicêra

Não é papel é guerra, é arte

É vermelha e quente correnteza

A voz do Gunga é liberdade

E não caneta de princesa

Oritempoespaço unidade

mulher negra, herança proeza

Sempre à prova a dignidade

Gingo fiel à minha natureza

Nossas mãe preta é liberdade

E não caneta de princesa

Canto aqui nossa fertilidade

Zóio de águia fitando o cegueta

Guerra e festa é nossa integridade

Quilombagagens mocambelezas

Porque nossa vivexistência é liberdade

E não caneta de princesa...


poesia extraída do livro “Negrafias – literatura e identidade.”

Ao ouvir...

Raquel Almeida

Ao ouvir seu som

Me embalo...

Antes não sabia o porquê

Seu som me envolve

Seu som me contagia

Lembro das rodas que assistia

Naquela dor profunda

Dançava pra aliviar a tristeza

Lembrança da nossa mãe

Deixada ao léu

Lembrança do lindo amanhecer

Do sol a brilhar no céu

Ao ouvir seu som

Eu continuo contagiada

E hoje eu sei quem pra mim o tocava

Era ele, e com esperança eu dançava...

Teu som é lindo

Teu som é essência

Teu som é embalado pela liberdade

Que me incendeia

Seu som é meu, seu som é nosso

Seu som sempre será lembrado

Em nossos povos

TCHI... TCHI... TIM

TOM... TOM...

TCHI... TCHI... TIM

TOM... TOM...

Me embale, me embale…

Estou emocionada…

Com seu toque berimbau

Me sinto livre...

Com seu toque escuto a esperança

Com seu toque sinto que o pedaço

Arrancado de mim

Está preenchido

Com seu toque...

TCHI... TCHI... TIM

TOM... TOM...

Com seu toque berimbau...


poesia extraída do livro “Negrafias – literatura e identidade.”




Berimbaus

Márcio Batista


Pelo Brasil

em todos os estados

atentos pelas cidades

os meninos, as meninas

Atendem ao chamado

celebram por liberdade

em homenagem aos ancestrais,

lutam, cantam, dançam

em ressonância aos berimbaus...


extraída do livro “Meninos do Brasil.”

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